domingo, 1 de novembro de 2020

 

Dangling: Tic Nervoso ou Ícone de Feminilidade?

 






Como fora conceituado anteriormente, acerca da diferenciação entre a Síndrome dos Pés Inquietos e o Tic nervoso motor, pôde-se constatar que, enquanto o primeiro, é caracterizado como um distúrbio neuropsíquico  ligado ao transtorno do sono passível de gerar dores nas articulações; o segundo, representado pelo balançar involuntário e repetitivo de pernas e pés, está ligado ao estresse, nervosismo e ansiedade.

Dessa forma, concebe-se o balançar de pernas/pés como uma resposta comportamental e emocional, manifestada pela contração muscular, demonstrando uma unívoca necessidade condicionada em dissipar e liberar energia, comportamento, esse típico, de mulheres hiperativas.

Sob esse prisma, o mencionado movimento é uma reação inconsciente, que demonstra o nível de ansiedade e inquietude da mulher naquele momento. Trata-se de um fenômeno que ocorre quando ela está sentada lendo, aguardando ser atendida em uma clínica ou assistindo aula.

Assim, os tiques acima mencionados, são definidos pela ciência da Psicologia como movimentos involuntários, rápidos, repetitivos e sem propósito. Oferecem uma sensação de alívio de quem o pratica e não há controle sobre eles. Sendo comumente manifestados ainda na infância, podendo ser herdado pela bagagem genética.

Dessa forma, os tiques ocorrem devido à falha em um dos circuitos cerebrais decorrente de alterações genéticas, o que faz com que haja maior produção de dopamina, estimulando contrações involuntárias de músculos.

Vale mencionar, ainda, que tal movimento pode ser também adquirido por reações ou comportamentos, que são criados para aliviar a tensão, a ansiedade, ou simplesmente, porque de alguma maneira lhe faz sentir bem.

Nesse contexto, o bater de pernas e pés, dependendo da ansiedade e da frequência gera um barulho, desconcentrando aqueles que estão próximos, surpreendendo a própria pessoa, que o pratica, já que revela um sentimento repleto de emoções. Como por exemplo: imagine o ambiente em uma sala de aula, onde estão todos os alunos concentrados, fazendo prova ou acompanhando a explicação de um assunto, e alguma colega impulsivamente começasse a balançar seus pés alvoroçadamente, batendo de forma intensa e acelerada o calçado, chacoalhando, num ritmo frenético e chamativo até o sapato escapar completamente de seus pés fazendo um estrondo no chão. Iriam culpa-la imediatamente!

Assim, tal movimento é uma forma comum e, inconsciente, de aliviar a ansiedade e o nervosismo, totalmente comum em situações de tensão e preocupação, como também por mera distração ou para passar o tempo.

Infelizmente, muitas mulheres que são dotadas dessa mania acabam sofrendo preconceito e recebendo comentários desagradáveis e pejorativos. Especialmente pelos próprios pais e de pessoas próximas, tais como: “para de fazer isso!”, “é feio!”, “isso é puro nervosismo e falta de controle!” e “isto irrita!”.

São completamente absurdas e preconceituosas tais afirmações, apenas gerado conflitos internos e traumas no indivíduo. Pois, o simples balançar de pernas e pés não é um problema, mas a ansiedade precisa de tratamento quando ela comprometer o dia a dia e provocar desconforto.

Portanto, se a mulher sente-se bem, aliviada e confortada ao liberar as suas tensões emanadas pelos neurotransmissores energizados pela dopamina, (substância que estimula o prazer e acelera atividades metabólicas), realizando acelerados e involuntários movimentos com os pés, balançando-os freneticamente com os sapatos pendurados na ponta dos dedos, chacoalhando-os de cima para baixo, batendo-os no solado do pé, em verdadeiros malabarismos, até que finalmente, perde o controle, deixando-o cair para longe.

Após isso, ela recoloca-o, recomeçando todo o ritual.

Posto isto, esses frenéticos e intensos movimentos dos pés dançantes que promovem uma verdadeira sinfonia orquestrada com o bater do salto alto indo de encontro contra o ar, representam uma linguagem corporal que comunica, não uma mera mania ou tique, mas sim, uma expressão singular da beleza e charme feminino.

Tal manifestação simbólica é que representa o objeto de estudo do presente trabalho, conforme os textos anteriormente produzidos, consolidando o fenômeno e arte do Shoe Dangling ou Dangle Shoeplay (brincar com sapatos), que a nosso sentir resplandece a mais perfeita construção estética feminina, que esse balanço de pés em salto alto não termine nunca.