Dangling: Tic Nervoso ou Ícone de Feminilidade?
Como fora conceituado
anteriormente, acerca da diferenciação entre a Síndrome dos Pés Inquietos e o Tic
nervoso motor, pôde-se constatar que, enquanto o primeiro, é caracterizado como
um distúrbio neuropsíquico ligado ao
transtorno do sono passível de gerar dores nas articulações; o segundo,
representado pelo balançar involuntário e repetitivo de pernas e pés, está
ligado ao estresse, nervosismo e ansiedade.
Dessa forma, concebe-se
o balançar de pernas/pés como uma resposta comportamental e emocional,
manifestada pela contração muscular, demonstrando uma unívoca necessidade
condicionada em dissipar e liberar energia, comportamento, esse típico, de
mulheres hiperativas.
Sob esse prisma, o
mencionado movimento é uma reação inconsciente, que demonstra o nível de
ansiedade e inquietude da mulher naquele momento. Trata-se de um fenômeno que
ocorre quando ela está sentada lendo, aguardando ser atendida em uma clínica ou
assistindo aula.
Assim, os tiques acima
mencionados, são definidos pela ciência da Psicologia como movimentos
involuntários, rápidos, repetitivos e sem propósito. Oferecem uma sensação de
alívio de quem o pratica e não há controle sobre eles. Sendo comumente
manifestados ainda na infância, podendo ser herdado pela bagagem genética.
Dessa forma, os tiques
ocorrem devido à falha em um dos circuitos cerebrais decorrente de alterações
genéticas, o que faz com que haja maior produção de dopamina, estimulando
contrações involuntárias de músculos.
Vale mencionar, ainda,
que tal movimento pode ser também adquirido por reações ou comportamentos, que
são criados para aliviar a tensão, a ansiedade, ou simplesmente, porque de
alguma maneira lhe faz sentir bem.
Nesse contexto, o bater
de pernas e pés, dependendo da ansiedade e da frequência gera um barulho,
desconcentrando aqueles que estão próximos, surpreendendo a própria pessoa, que
o pratica, já que revela um sentimento repleto de emoções. Como por exemplo:
imagine o ambiente em uma sala de aula, onde estão todos os alunos
concentrados, fazendo prova ou acompanhando a explicação de um assunto, e
alguma colega impulsivamente começasse a balançar seus pés alvoroçadamente,
batendo de forma intensa e acelerada o calçado, chacoalhando, num ritmo
frenético e chamativo até o sapato escapar completamente de seus pés fazendo um
estrondo no chão. Iriam culpa-la imediatamente!
Assim, tal movimento é
uma forma comum e, inconsciente, de aliviar a ansiedade e o nervosismo,
totalmente comum em situações de tensão e preocupação, como também por mera
distração ou para passar o tempo.
Infelizmente, muitas
mulheres que são dotadas dessa mania acabam sofrendo preconceito e recebendo
comentários desagradáveis e pejorativos. Especialmente pelos próprios pais e de
pessoas próximas, tais como: “para de
fazer isso!”, “é feio!”, “isso é puro nervosismo e falta de controle!”
e “isto irrita!”.
São completamente
absurdas e preconceituosas tais afirmações, apenas gerado conflitos internos e
traumas no indivíduo. Pois, o simples balançar de pernas e pés não é um
problema, mas a ansiedade precisa de tratamento quando ela comprometer o dia a
dia e provocar desconforto.
Portanto, se a mulher
sente-se bem, aliviada e confortada ao liberar as suas tensões emanadas pelos
neurotransmissores energizados pela dopamina, (substância que estimula o prazer
e acelera atividades metabólicas), realizando acelerados e involuntários
movimentos com os pés, balançando-os freneticamente com os sapatos pendurados
na ponta dos dedos, chacoalhando-os de cima para baixo, batendo-os no solado do
pé, em verdadeiros malabarismos, até que finalmente, perde o controle,
deixando-o cair para longe.
Após isso, ela
recoloca-o, recomeçando todo o ritual.
Posto isto, esses
frenéticos e intensos movimentos dos pés dançantes que promovem uma verdadeira
sinfonia orquestrada com o bater do salto alto indo de encontro contra o ar,
representam uma linguagem corporal que comunica, não uma mera mania ou tique,
mas sim, uma expressão singular da beleza e charme feminino.
Tal manifestação simbólica
é que representa o objeto de estudo do presente trabalho, conforme os textos
anteriormente produzidos, consolidando o fenômeno e arte do Shoe Dangling ou Dangle Shoeplay (brincar com sapatos), que a nosso sentir
resplandece a mais perfeita construção estética feminina, que esse balanço de
pés em salto alto não termine nunca.